sexta-feira, 30 de março de 2012

Que Suzanne?

A certeza de que serei uma memória esquecida me ronda e a súbita sensação de inexistência me deixa insone.

Eu penso! Penso, aliás, coisas. Em por do Sol de outono, em gatos deitados na grama em fim de tarde de Outono. Penso em bancos de praça, em você, em mim, na certeza do nunca, no medo do talvez.

E ouço sua voz em rotinas, como quem enxuga a louça que lavo, como quem resume seu dia antes de dormir. Não, nós não dormiremos. Os gatos dormem, você dormirá, e eu sentinelo este momento, como se meu piscar desse ao mundo a oportunidade de orbitar em normalidade. Eu me recuso! Não quero o normal, não quero acordar amanhã e me rever lúcida. Quero esse revirado, esse mexido, o vasculhado de mim, o escancarado. Quero até todos os medos zanzando em minha cabeça, e esse súbito de que a felicidade certa de hoje será a lembrança amena de amanhã, um olhar vago de passado, uma névoa que dissipa e some. E quando perguntarem de mim, onde ando, o que virei, em sua mente apenas um franzir de testa: "Que Suzanne?"

Que nunca mais eu durma! Liguem as tvs, os alarmes, soltem as trombetas, os bebês assustados, os cachorros. Gritem e protestem. Batam panelas. O mundo não pode voltar ao seu eixo. Me deixem correr, me deixem lutar, me deixem enlouquecer: quero um mundo ao contrário. Quero que o inevitável morra.





4 comentários:

  1. apos se jogar no inevitável e se permitir no mistério do futuro, voltar atras é tarefa impossível, a modificação da alma nao permite volta!!!

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  2. Vamos matar esse inevitável com requintes de Felicidade! T.A. Que Suzanne!!!

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